De-me um soneto a lua
Sou personagem de um teatro dentro de um teatro
Com publico ralo e de péssima critica
onde o autor não sabe se é personagem
e o personagem não sabe se é o autor
e acreditam que hajam um terceiro para levar toda a vida embora
mas a culpa é sempre de quem dirige
eu deveria dormir,não vou aplaudir ninguém
nunca ganhei muitos aplausos,porque hei de aplaudir?
Quando comecei a escrever modifiquei todas as palavras
Decorei todos os belíssimos versos de todas as belíssimas línguas
E hoje a única coisa que quero é mandar a poesia pra puta que pariu
Não nasci pra isso,mas também não nasci pra coisa alguma
Prefiro pintar minhas unhas de vermelho e fingir que sou Cleópatra
E parem de me dar coisas belas
Elas fazem eu me sentir ridiculamente pequena
Impotentemente apática
Eu nunca sei o que fazer com elas
Deveria devorar a Monalisa,
Ter orgasmos na nona sinfonia
Chorar diante do céu estrelado?
Eu nem sei o que eu acho de tudo isso
Elas não significam nada do que eu finjo que significam
Coisas belas só servem pra depois que virarem memórias
Também não me de coisas feias
De coisas feias já basta minha vida
Já basta o amassado da minha roupa jogada no chão
E o meu cabelo que nunca penteei
Quero é um verso parnasiano perfeito
Sentimentos bobos já tenho os meus
Versos mau feitos também
Quero que tudo que eu acredito que tenha sentido
Escoe pelo ralo,e se dissipe no buero das
pessoas felizes
e o sentido da vida?eu simplesmente não me importo
(Eu olho pro céu
a lua existe,
ela realmente existe,opaca e distante
E eu fico perplexa a entender que
que a realidade existe e é material
E eu também sou opaca e distante
eu devo ter entendido tudo errado
Maldita mania de subjetivismo
Antes fosse tudo esquizofrenia)