Horizonte sem espelho
"... lentas caveiras. / Sem corpo, sem rosto ou rastro / suspensas no ar parado / do vácuo de sua consciência..." (Mário Chamie)
Neste vácuo de vidas
sob adubos de dor
máquinas de
manobras sociais
plantam a inércia
nas consciências
desavisadas;
no embrião da noite
vidas cavam covas nas mentes
do plantio silencioso
de um horizonte
sem espelho.
Nestas vidas sem mentes
sementes sem chão
não germinam sobre razões.
Apenas homens semeadores
contra os mesmos homens;
É o plantio indecente
do semeio consciente
sob um céu de fogo;
passageiras vidas
sobre um chão de cinza
de um horizonte
sem espelho.
Nestas vidas sem vidas
adubos sem flores,
vão germinando dores.
É a terra consumidora
de fartos fantasmas
de vísceras inúteis,
procriando na noite
mentes podadas;
espectros de mortes.
sem flores, sem frutos...
de um horizonte
sem espelho.
Entre vidas e mortes
ocorrem colheitas de ilusão
do plantio da falta de ação.