O acolhimento do ente distante (Meus olhos fixos no além)
Esperando, vejo que espero mais do que podia,
de um lado o rio perene, mas execrável.
Do outro a igreja suntuosa, mas adorável,
as pessoas no ato da desordem,
e a cada vicio um ciclo.
As mãos postas ao soberbo acervo.
Ente andante, um ermo voraz na visão conturbada.
Vagos passos, passos largos.
Fugindo do destino, suprimido, transplantado, teleguiado,
a cria fácil que sai do ventre por entre os dedos.
Dorme no relento, faz dali um aposento,
Sufoca o grito na garganta rasgada.
Mas perto de mim...
O acolhimento do ente distante,
mas tão perto que acho que posso tocar,
Sua carne latejante.
Cria rastejante,
que foge do carinho.
De um lado os cabelos emoralados,
de outro a cor ruiva do carbono.
E a bengala que sustenta os dedos,
As unhas, os tilomas.
O tapete que ostenta as pegadas
Renegadas, abnegadas, condecoradas.
do velho brilho do sujo.
Os vizinhos nos seus leitos.
deleito da quietude,
a falta de atitude,
da forma sem vultos,
sem sombras que ornamentam o corpo.
E quando o inesperado se apresenta,
com seus lábios em tons de escárnio,
Prontifico a tomar conta,
do nada.
Esperando, vejo que espero mais do que precisava,
e com meus olhos fixos no além,
vejo além de mim o ente distante,
suplicando pelo acolhimento.
Aos seres "inexistentes" que de certa forma existem... em livros, fabulas, histórias, contos, causos, lendas, em nossas cabeças... Talvez até eu mesmo seja um deles.