Troco de Vida
Nem sei por onde a vida vai.
Em que buraco cai.
E nem o que consigo carrega,
qual enchente
que liquidifica casa, bicho e gente.
Agora, tudo está junto
e já não se distingue qualquer assunto.
Manteiga de lama
na qual me besunto,
como se fosse
um molho agridoce.
Não há um preto escuro
é mais um cinza muro;
que de tudo me isola,
que por tudo me assola.
Do tempo, vasculho a sacola,
mas só resta um minuto de esmola.
Do que fui restam alguns alinhavos,
sobra de carinho e alguns centavos.
Bem pouco.
Só para o troco.