CONCEPÇÃO

Onde couber a minha voz cansada,

Ali estará o meu coração com espadas e flores nas mãos.

Não sei onde moram os aprendizes de palco.

Talvez estejam viajando à procura

De alguma alma desocupada e velha.

Sei das coisas simples e sempres.

Sei que no meio de mim passa um rio em segredo,

Canta uma voz triste em risco,

Esconde-se uma cicatriz, promulgada para não mostrar.

Estou no murmurar da esquina que ainda não alcancei.

Meus ombros ainda estão inacabados:

Por isso vou sem levar nada.

Um bonde imaginário espia se dos meus olhos levo pessoas.

Tranqüilizo-o: meus olhos só transportam sentimentos.

Por isso sou triste e ando sem parcerias todo o tempo.

Algum sentimento me avisa da chegada de uma nova ordem.

A ordem em que as coisas acontecem

Sem que possamos interferir.

Assisto ao mundo e meus olhos espiam a alma do mundo.

Pode que haja luz na calma ilusão de estrada

Que construo sozinho.

Pode que alguma chama se acenda economicamente por baixo

Das mãos do nevoeiro que me oferece caminho.

Tudo se ajeitará quando soubermos ajeitar a nossa

Áspera e única concepção de universo.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 23/08/2009
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