TROVAS-16
O galo da madrugada
marcou ponto no poleiro
assanhando a galinhada
baixando o pau no terreiro
Não resistindo ao segundo
negando se controlar
botou seu filho no mundo
sem com ninguém se casar
As ondas vão ao contrário
o tempo gira em roldão;
o apocalipse lendário
decola com precisão
entre outros mais qui-pro-cós
das rusgas do nosso amor
vão empilhando cipós
da mágoa que nos selou
Brasil, imenso país
de extensão descomunal
vivendo como perdiz
alimentando o bornal
vejo um beco sem saída
fechando a nossa ilusão
erguemos a voz caída
ou esqueceremos então
Na contagem regressiva
grande incerteza e sobrosso
caindo numa evasiva
depois de tanto roer o osso
A mendicância alarmante
que vive em praças e ruas
pinta em cores contrastantes
nossas realidades cruas
é no olho da fechadura
que se enxerga o que seduz
olhando ali uma candura
despindo-se a um fio de luz