Esquina
A fumaça sai de minha boca enfrentado o frio gélido
naquela esquina singela
da avenida do inferno
e da estrada do céu
encaro aquele edifício enorme que me faz insignificante
Uma tenra ruazinha me levara até ali
com casinhas agora já velhas e aconchegantes
árvores em outono pela primavera em que me fiz
aprendi ali destinos e caminhos mas não ensinaram-me a andar
Entre a avenida do inferno
e a estrada do céu
Eu cresço, então
subindo as escadas de almas sem face
que me olham zombeteiras
afundando-me num mar de lótus
me culpando pelas esperanças
Só, em meio a uma multidão incógnita
laços de pelúcia matam a liberdade
algemas deliciosas que quero como guia
Ruelas, travessas, escolhas e a auto-estrada
sempre e sempre este prédio maldito
colossal
entre a avenida do inferno
e a estrada do céu