O rio que vem de longe

Aquelas são águas passadas, nunca paradas que correm sem fim

Água que sempre gelada, caminha assustada, suave, cetim

Parece que foge de medo, pois guarda segredos do céu e do mar

e foge assim em seu leito que nunca é perfeito nem nunca será

Sobe em tantas colinas, chora em abismos, nas quedas que dá

correndo por entre alguns vales, sobe aqui, desce acolá

Parece eu vem de bem longe, mas não sei de onde e não vejo seu fim

Este é outro segredo, contado aos ventos, mas nunca pra mim

Olhando este rio tão eterno, parece que a vida jamais terá fim

A todo momento, nascendo e morrendo, dura e moldável, como marfim