SENHORITA, DÁ-ME O PRAZER DESTA DANÇA?

Zelador, queria cultivar um jardim encantador

cheio de rosas perfumadas e distraídas,

- amarelas e promíscuas -

cheio de cravos etéreos e exibidos,

- escarlates e apaixonados -

cheio de violetas pequenas e atrevidas,

- brancas e meigas.

Cheio de flores da idade que nascem no verso do tempo.

Cheio de flores que não se cheira com segundas intenções.

Sonhador, queria inventar um bailar encantador,

cheio de valsas a seus pés suaves e lépidos,

- sonho de bailarino -

cheio de tangos a seus quadris sensuais e curvos,

- sonho de amante -

cheio de danças a seu ventre livre e inocente,

- sonho de dançador.

Cheio dos passos que aprisionam os sonhos e me fazem teu anjo.

Cheio dos passos imprudentes com os quais zelo pelas tuas asas.

E com as mãos cheias de flores, queria tirar-lhe para dançar;

para dançar em teus braços longos e atemporais.

Mas, como sabes bem, sou bobo. Sou tímido. Perdoe-me.

Por favor, tire-me tu, senhorita, para dançar!