O DEMO DA CARNE
Puros estavam dois anjos
de pedra, na sacristia
candidamente lembrando
os paraísos perdidos...
Uma doce melodia
composta de harpas e banjos
ouviam... embebedando
de espírito os seus sentidos
Mas em satânica dança
se aproxima o inimigo
concupiscente e atrevido
que há de virar todo o jogo...
E quebrando a calmaria
o demo da carne avança
montado nos torvelinhos
duma onda de perigo
Com os seus braços de fogo
semeia carvões em brasa
e rindo em feros rugidos
ateia um fogo que arrasa
E a partir desse dia
a capa dura e fria
dos inocentes anjinhos
não é de pedra jamais...
Porque de carne vestidos
viraram simples mortais
(In "Geometrias Intemporais")