Não quero mais ser poeta (republicando)

Não quero mais ser poeta

Vanderli Granatto

Não quero mais ser poeta

As emoções vou guardar.

Preservar minh' alma dileta.

Deixar o tempo passar.

O mundo não mais necessita

de puras emoções.

Já que sensações outras,

tomaram as rédeas do coração.

Insensato, deixou-se levar,

por momentâneas ilusões.

Esqueceu-se do verbo amar,

este que traz doces emoções.

O tempo do romantismo acabou.

Amor que era amor verdadeiro,

Seguiu caminho pelo desfiladeiro,

Bateu asas e voou.

O poeta se aquieta,

Esvai-se as meigas fantasias.

Perde-se a harmonia do enlevo,

Das grandes rimas, nada mais resta.

Sem a nobreza do amor verdadeiro,

Não há acorde de acordo,

por mais que se queira.

A poesia por aí corre sem tempero.

Um dia grandes poetas consagraram a poesia,

Com a musicabilidade do amor.

Hoje já sem doçura, de amargura se contagia

Perdeu a graça do puro sabor.

Com tristeza escreve-se em amiúde

Sobre tanto desamor

A maldida ironia tomou atitudes,

tornou-se dona das vontades, no reino do pavor,

Quer calar de vez, a voz dos sonhos de amor.

Os versos entristecidos

Devagar tornam-se mudos,

Ante a discriminação absurda

Do que vai pelo coração.

A frieza congela os puros carinhos.

Os contatos se tornaram fugazes

A emoção adoeceu, procura outros caminhos.

Longe se vão as rimas felizes.

Não quero mais ser poeta.

As emoções vou guardar.

Preservar minh' alma dileta.

Deixar o tempo passar.

Vanderli

16/03/2009

Botucatu/SP