NOTIVAGOS
Conhecemos muito bem a cor da noite.
Pois somos nela os fantasmas a rondar.
Deslisando irresponsáveis pelas vielas, ébrios
pulando alegres soltos assim de bar em bar.
Sonolentos alguns insistem em teimosia,
dizendo com seus drinks palavras sem nexo.
Viajando dolentes nas agruras que amolecem,
na pândega, lamentam tristes seus complexos.
Qualquer bruxa noturna é rainha de um castelo,
que desaparece na fumaça com o dia a clarear.
Dai a querer embebido que a noite se estenda.
Mas a dor de cabeça chega quando ela acabar.
Os vintens em maços na matina reduzidos,
a centavos ou a ônus, notas promissórias.
Pileques diluídos a peso de ouro na madrugada,
desponta a ressaca moral de dias na memória.
Avança o frio, morrem as horas silenciosas,
o sereno faz tudo branco. A coisa tá preta.
O dia reclama a jornada que britanica espera.
A moringa doe, como quem entrou na marreta.