A Tristeza das Flores
A TRISTEZA DAS FLORES
Num arbusto nascido defronte a minha janela,
Nasceu um belo cacho de flores,
Todas as manhãs eu as admirava,
E fui acompanhando o desabrochar de cada uma,
E o conjunto de todas ficou muito belo,
Era como uma pintura emoldurada,
Pela janela do meu quarto,
Percebi que todos os dias,
De manhã e à tarde,
Aquelas florzinhas eram visitadas,
Visitadas por um beijo-flor,
Que pairava sobre elas e as tocava,
Com sua língua fininha,
Sugava-lhes o sereno da noite,
E se ia, durante todo dia ficava ausente,
Para a tardinha voltar, e novamente beijá-las,
Era como dar boa noite, para no outro dia voltar,
Certo dia de manhã, a avezinha chegou,
Pousou sobre um galhinho e triste ali ficou,
Observei atentamente nas flores ela não tocou,
Foi-se embora e não mais voltou,
As flores foram murchando,
Perdendo as forças e morreram,
Com saudade da avezinha,
Ali só o arbusto ficou,
E o quadro se tornou triste.
O Poeta da Solidão