Mãe em pranto
A terra está seca e não germina mais,
grita por justiça e revela ao mundo
os ossos sem vida que traz no ventre,
sem sonhos, a mãe chora e descrente
embala o filho em seu sono profundo.
Busca o milagre que um dia acreditou,
levanta os olhos para o céu que já não vê,
incensos ditam a despedida e a hora de partir
e sobre o altar, o filho é colocado, não crê,
mãe, terra sacra não tem mais um deus à pedir.
É o adeus e a terra devorando o filho,
a mãe seca de pranto já não grita mais
ao céu por seu deus e ao mundo por justiça,
cede agora à sua dor sem achar a paz,
terra seca, sem sonhos, sem fé, sem cobiça.