Inconsequência
Queria matar a inconsequência de certos verbos
Queria que, esses verbos, que um dia me presenteastes,
Eu pudesse removê-los drasticamente
No entanto...
Também quero, mais uma vez tentar te tornar tão brilhante
Quanto esse sol de verão!
Quero cantar mansinho... quase sussurando...
E te agrupar como num grande e risonho girassol.
É uma petalinha aqui...
Outra acolá...
Que se voltam em doce circunferência
No meio dia amarelado e poeirento
Dos caminhos por onde passas
E os quais persigo como ladrão sagaz e audacioso.
Te prescruto nas sombras magrinhas
Rastejando como uma minhoca
Enquanto o sol espreita cada entrada escura
Com vício secular...
Ao longe o som abafado de um piano
Dança uma música triste.
A mim não parece definitivo
Mas,
Faz tanto tempo que não ouço nada igual!
Inebriada paro e começo a dançar
Porém não posso me atrasar,
Quero chegar até a inconsequência do verbo.
Volver a lembrança das tuas palavras
Para não perder de ti a gota final.
Vê pois que não estou sendo incoerente contigo
Estou te buscando nesse sol forte
Para matar esse desejo já maduro
Que se faz presente na minha razão.
Depois, não direi que foste incapaz de me fazer sonhar
Nem direi que não soubeste esperar...
Falarei apenas do verbo,
De sua inconsequência e de sua morte dentro de mim...