Eu disse NÃO!

Eu disse NÃO para um amor fugaz,
não que o casual me assuste,
ou um quê de aventura me perturbe,
ou mesmo a hipocrisia
tenha falado mais alto
e me fez afastar um sentimento.

Não foi bem assim.
Esse amor que tirei de mim,
nada tem a ver com preconceito,
com falsos pudores,
com juízos de outrem.

É que a gente
vai ficando mais exigente,
na mesma proporção
que a ternura aumenta
e a tolerância também.

Mas não se enganem
os mais desatentos,
que confundem toda
essa tranquilidade
aparente,
com a ausência de valores
e de requinte do desejo.

Eu disse NÃO ao amor vazio,
egoísta ao extremo,
vaidoso,
até narcisista,
incapaz de descobrir
a relíquia
existente em meu coração.
Que se fechou em copas,
não me permitindo a entrada
em seus sonhos protegidos
por uma couraça de aço.

Então não me restou
outra saída,
a não ser a despedida.
A falta de cuidado,
o olhar sem pouso certo,
e mais tudo o que não é sincero
apaga o meu querer.

E como é bom ter
discernimento
do que se quer
e daquilo que mal nos faz,
ser dona da minha vontade
é o que mais me dá coragem
pra sentir os meus amores,
pra me abdicar dos favores
muitas vezes conspurcados
em nome do prazer.

Pois
Ser feliz está para
a água cristalina,
para o voo da borboleta,
para o bailado dos colibris,
para a leveza enfim.