O PREDADOR
Oh sim, repudio o que em mim há de vil...
mas me arde este mal incrustado na entranha!
O nu do meu íntimo assim, tal covil,
abriga, em mil ecos, ardência tamanha!
Oh sim, eu queria saber d’onde vêm
os sopros amenos, suaves, de manha
e tal um anjinho, fluir só o bem,
mas sempre me enredo em ação má, tacanha!
Será que este mal que me vem, dilacera,
o qual eu vomito em impulso e nem sinto,
provém do meu cerne, do gene, é instinto?
Verdade-fogueira que aqui reverbera
e alastra no peito uma chama severa:
Eu sou predador ardiloso e faminto!