Da infância

O quarto etereamente vazio,

a luz que tudo povoa...

Tudo é silêncio no quarto: aproximei-me da cama,

as mãos áridas, deixei-as repousar suavemente sobre o lençol.

Fitei todos os cantos do recinto e atraiu-me,

em laço sereno,

a boneca que descansava a meu lado no leito,

guardiã fiel das confidências de infância...

Contemplei-a: os grandes olhos azuis, a pele de pano velha e rasgada...

A boneca translúcida dorme,

com a luz a embalar-lhe o sono sem fim...

Mas eis que a carga das lembranças exala das paredes perscrutadas pelo sol,

me toma

e escorregue para meus olhos em pequenos rios cristalinos...

Alan Oliveira
Enviado por Alan Oliveira em 17/08/2009
Código do texto: T1758841
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