Da infância
O quarto etereamente vazio,
a luz que tudo povoa...
Tudo é silêncio no quarto: aproximei-me da cama,
as mãos áridas, deixei-as repousar suavemente sobre o lençol.
Fitei todos os cantos do recinto e atraiu-me,
em laço sereno,
a boneca que descansava a meu lado no leito,
guardiã fiel das confidências de infância...
Contemplei-a: os grandes olhos azuis, a pele de pano velha e rasgada...
A boneca translúcida dorme,
com a luz a embalar-lhe o sono sem fim...
Mas eis que a carga das lembranças exala das paredes perscrutadas pelo sol,
me toma
e escorregue para meus olhos em pequenos rios cristalinos...