Sem nome nº. 01

Peço-te que me concedas um pouco do teu tempo...

Oh!, por favor, rogo-te apenas isto - e nada a mais:

que compartilhes comigo alguns grãos da ampulheta voraz que te paira por sobre a cabeça...

Em troca, dar-te-ei, generosa e pacificamente, muitos dos grãos

de minha própria ampulheta,

antes que me invada o não-tempo.

Dar-te-ei, se quiseres

- e não precisas sequer formular teu desejo em clara rogativa, como faço -,

todo o meu tempo.

Ei-lo: monte efêmero de areia a me escapar das mãos...

(e mesmo quando as mãos me estiverem vazias, continuarei a ostentá-las

erguidas, em doação inesgotável).

Faço-o porque não me entendo sem ti,

e não suporto a tua mais momentânea ausência...

Porque és meu respiro e meu sentido,

a referência a que recorro para que o próprio tempo não se me afigure

como movimento atroz e sem norte...

Porque és a ampulheta e a areia...

e o tempo e tudo!

Alan Oliveira
Enviado por Alan Oliveira em 17/08/2009
Código do texto: T1758836
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