Serpente

Nós mulheres,precisamos que respeitem nosso gênero, nosso potencial,

nossa

história,nossos sentimentos...Dependendo disso, nossas reações

acontecem...

A serpente, animal sagrado, simboliza a alma, que tem o poder de

renovar-se, sempre que preciso:perde a pele...Para os antigos

iniciados, a serpente Kundalini, que fica na base da espinha, representa a nossa energial sexual, poderosa-representando mais que genitalidade e sim uma força enorme...

Por isso, a imagem veio-me á cabeça, nesta madrugada,essa poesia não tem a ver com experiência pessoal:intérprete de todas as mulheres, escrevo como se não fosse eu mesma, sempre que posso:

Arrasto-me qual serpente persistente

escarpas acima, fugindo de minha própria

ingenuidade...Encantei-me e fui encantada,

encantei-te...

Mas saindo de um pote de leite,

ainda não conhecera o mel, nem as abelhas...

Ao estender as mãos para a beleza iridiscente

de minhas escamas preciosas.

aproveitaste para colocar-me

dentro de um samburá que a mofo cheirava.

Não gostei de ter a liberdade cerceada.

Senti falta do espaço antigo, do direito

de ir e vir,das papoulas vermelhas

ao pé das quais me encondia à sombra,

para fugir do sol...

Furiosa, sibilei para assustar-te

e apenas achaste graça de meus esforços.

Acreditaste que eras senhor

da minha beleza dada pelos deuses.

Não sabias que sou a eles sagrada.

Que antes da História ser escrita,

estive nas tradições orais,nos mitos

nas crenças, nas lendas da Humanidade.

Fiz parte dos Mistérios de Eleusis,

dos ritos femininos na Tesmosforia...

Brincaste comigo, esquecendo da reserva

de veneno que trago comigo

desde tempos imemoriais...

E assim, depois de morder-te e envenenar-te,

fugi em movimentos sinuosos e insinuantes.

Novamente livre, acabo de trocar a pele,

renovada...