Incomunicabilidade
Os ouvidos do mundo estão surdos
E as bocas movem-se freneticamente
Num baile de egos
Por fora dançamos juntos
Por dentro, sós, como loucos ou idiotas.
Todos se tornaram trovadores
Que cantam a mesma história chamada eu
Mas são vãs essas canções
Pois quando as cortinas se fecham
Não há um só par de mãos para aplaudi-las.
Nessa imponente torre de babel
Erguida de fones, chips, fibra ótica
E imagens que afagam nossas retinas
Não há comunicação possível
Cada um é sua própria língua.
Em meio a tanta algaravia
Acharemos os dois nossa pedra de Roseta?
Mergulharemos nessa desgastante tradução?
E quando já pudermos nos compreender mutuamente
O que teremos a dizer um ao outro?