BRINDEMOS
Vem iludir-me pra eu ser feliz
Oh coração.
Toma-me em casamento
Mesmo que em noites da tua ausência
Falta-me o sossego, e venha o sofrimento.
Vem iludir-me inebriar-me
Preciso das drogas alucinantes
Dos teus beijos quentes e mentirosos
Traga-me um pouco mais desse engano
Ejetado na veia meu veneno insano
Venha fazer-me sentir mais velha
E de tão sofrida acabada
Meu desalmado e medonho
Monstro idolatrado
Mas como quem implora, fique ao meu lado.
Vem jogar sobre mim
Tudo aquilo que reconheço como alegria
Ou tudo aquilo que me engole a mera fantasia.
Alguns querem o deleite da verdade
Mas esmago-te aos poucos na tua própria vaidade.
Vem, pois hei de sugar-te.
Faze-lo-ei até tua morte
No sepulcro do nosso enlace egoísta
Na ficção da felicidade aborrecida
No inferno brindaremos à má sorte.