Desatino
Ouvindo ao longe o clarim
No silêncio atroz da campina
Sente que é chegado o seu fim
É mais uma vida que termina
Um pala todo roto no chão
Mais um jazigo feito na lama
Um corpo, o sabre na mão
É outro herói que se declama
Para cair no esquecimento
No final só mais um soldado
Que lutou a luz do juramento
De morrer se for mandado
Matar, sua única obrigação
O motivo? pouco importava
Sem nenhum dó ou perdão
A lei do mais forte imperava
Hirto lutou e também expirou
A morte é o fim do tormento
Sem pedir clemência tombou
Um suspiro foi seu lamento
Olhos parados, fitos no céu
As estrelas como companhia
O potro ficou pastando ao léu
A imensidão é que se avizinha
Ainda pressente outra estocada
O inimigo confirmando o serviço
Foi a toa, a sorte estava selada
Seu corpo já não tem nenhum viço
Enfim livre vagou pela pradaria
No pensamento trás ainda o medo
Lembrando a dureza da lâmina fria
Só o tempo agora trará seu sossego
Mais um taura assim partiu
Nesse cruel embate sem norte
A querência foi que serviu
De leito sublime da morte
Brasília - DF, 18 de julho de 2009.