A Desafinação
A DESAFINAÇÃO
A chuva que caía levemente,
Fina como o orvalho,
Parecia no rosto,
Lágrimas que nasciam nos olhos,
Ao longe a visão da neblina,
Parecia um véu ou uma cortina,
Suave como uma pele fina,
Pele alva e sensível,
Não se podia ouvir a chuva,
Apenas o gotejar das folhas,
Que pareciam angustiadas,
Por segurar tamanha formosura,
A deixar cair as gotas,
Criava no solo uma melodia,
Que mais parecia uma orquestra,
Pelas diferenças de superfícies,
Cada uma com o seu tom,
E a desafinação era total,
Apenas a repetição se fazia,
E em algum momento
Pareceu-me que ali o errado
Era eu!...
O Poeta da Solidão