Do imprevisto
 
De tantas certezas quanto nesta vida há de se ter
Nenhuma  é tão certa quanto a falta de certezas,
Quanto mais delas se precisa.
 
Vivemos em verdade a mercê do fortuito.
 
De quantas mortes se fez a desesperança do
mundo, que hoje se vê tão presente!  
O fato inesperado que espreita no rodapé da
próxima página virada do livro de nossas vidas,
e o inequívoco tropeço,
e a estrondosa queda.
O que no futuro se desenha em traços bem
definidos e logo se apaga como miragem que engana
os olhos dos mais perspicazes .
 
É este vaivém de tristezas entremeado por alegrias
esparsas como uma valsa, solenemente
tocada por um único solitário violino triste,
que enegrece o brilho do que um dia foi vida.
E do que mais se tem medo neste universo
confuso que não seja o desmoronar inesperado
deste castelo de cartas que se constrói dia a dia?
 
Talvez tenhamos todos um dia a mesma irritante
alegria dos abençoados com sucessivos golpes de sorte.
 
Até lá, para que não façamos de nós mesmos tais e quais
àqueles que agarram-se a Método e praxe como
forma de fuga do inevitável encontro com o acaso;
façamos portanto, um trato com o tempo
de o vivermos apenas segundo a segundo
posto que um minuto, é demasiadamente longo.

Resposta ao mote de 14/08/2009  - "o Acaso"