Poema além-túmulo
Joguei num saco meus sonhos.
A porta aberta o meu passaporte,
E o futuro o que viesse.
Como teto o sol, a lua, as estrelas
E minha pele o cobertor.
Minha roupa sem bolsos e desbotada
O solado dos meus pés como sapatos
No estômago, apenas a esperança
Parti.
Pois me diziam que de nada precisa quem quer ser.
Acreditei.
Mas esqueceram de me dizer que a oportunidade é muito, muito distante
Anos-luz de quem nada tem;
Escrevo este poema de além-túmulo.
Foi a única forma que encontrei de dizer que mentiram pra mim.