Poema além-túmulo

Joguei num saco meus sonhos.

A porta aberta o meu passaporte,

E o futuro o que viesse.

Como teto o sol, a lua, as estrelas

E minha pele o cobertor.

Minha roupa sem bolsos e desbotada

O solado dos meus pés como sapatos

No estômago, apenas a esperança

Parti.

Pois me diziam que de nada precisa quem quer ser.

Acreditei.

Mas esqueceram de me dizer que a oportunidade é muito, muito distante

Anos-luz de quem nada tem;

Escrevo este poema de além-túmulo.

Foi a única forma que encontrei de dizer que mentiram pra mim.

João Félix
Enviado por João Félix em 14/08/2009
Código do texto: T1753566