TELAS DA VIDA

Pintei um quadro com as tintas de minha inocência

Tons vibrantes, juventude em pincel arfante

Venho as águas salgadas de meus olhos

De amor amado, amor perdido

Lavou a tela, borrou a pintura

Pintei outra tela com as tintas da tristeza

Ainda jovem, chafurdei no preto e matizes

Meio gótico, meio louco, meio ao meio

Incendiei a cama com tocos de cigarros

Entrei e vi um quadro que não quis

Troquei de tela, fiz um quadro da boemia

Seios, ancas, água que passarinho não bebe

Mesa de bar, batucada e amigos(inimigos também)

Jorrei minha alegria pela noite vadia

Cansei da orgia, deitei e dormi

Acordei de ressaca, fui trabalhar, pintei sem vontade

Larguei a vaidade, dura realidade exposta

Cai na monotonia do dia-noite-dia

Sexo sem harmonia, cama vazia

Me enchi,explodi, joguei fora tela sem vida

Resolvi pintar a esperança tardia

Cutuquei a fera dormente, rangente, ardente;

Vulcão preguiço, mais ainda quente

Rugiu,soltou gases, lama eloqüente

Queimou a tela, queimou minha fronte

Querem saber, vou pintar a granel

Qualquer coisa que veja, me vendo

Sem formas e nem regras, sem nada

Quem quiser que veja a pintura

Quem não quiser, fique com a tela

vazia

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 14/08/2009
Reeditado em 18/08/2009
Código do texto: T1753039
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