Amor - sublime sentimento (o amor não é deste mundo)

Amar, ah! Amar

Não sei se isso é possível

Sequer sei se essa abstração é crível

Parece que amar neste mundo é banal

Mas como amar em meio a tanto mal

Todos dizem que amam, amaram ou amarão

Acaso sabem que amar aqui não é mansidão?

Mais fácil crer que nenhum desses é são

Ao homem que ama o que resta é a escravidão

Ele se permite, para sempre ser dominado

Não possui mais a ânsia de querer libertação

O homem que ama se faz domesticado

Pára, cogita, raciocina, e acredita entender

Que caminha lado a lado e é recompensado

Que vida para ser sozinho, melhor nem ter

Mas não compreende, assim é que rende-se

Aos singelos caprichos de uma dama

Que o escolheu para ser seu vil servo

Será que pensando assim sou eu que erro?

Ou é aquele tolo que se entrega e clama

Pelo bendito amor de uma senhora

Que acredita piamente ser sua aurora

E ainda a isso aos ventos proclama

Ao homem só resta render-se a chama

Que mais um homem pode querer

Além da companheira em todo amanhecer

Que ao seu lado repousa docemente

Anseia em ser amada e só isso sente

Esse certamente é o nosso maior tormento

Aquele que acha que não sofreu seu bocado

Arranje uma parceira e terá ao seu lado

O sofrimento, todo, imenso, e sem par

Esse daquele que mal soube amar

E ainda quer também ser amado?

O que acredita que ainda pode alcançar

Mas se só sofrimento é o que soube dar

Disse adeus a sua paz de ser celestial

Fica a obrigação de ser amável e gentil

Ou quem sabe a de ser sempre servil

Não mais, horripilante, mal, algoz, brutal

Se agora sabe o amor não é deste mundo

Se aqui só sabe ser tal qual os animais

Se não está para sentimentos profundos

Como alcançar então algo tão sublime

Entenda, aprenda e renda-se

Pois, Amar é a essência mais pura

Amar a matéria não existe, é tolice

Amar fora do espírito só escraviza

Perpetuar esse amor na vida é sublime loucura

Somente amar quando não é conjunção carnal

Torna-se condição cósmica, é etérea, é eterna

Até o tempo cessa para assistir a essa união

Amar dessa forma jamais será uma vã abstração

Mas sim a pura concretização de toda uma vida

Será Planar ao léu e sempre encontrar guarida

Será saber que nada da sua existência foi em vão

Dois seres que alcançam essa perfeita comunhão

Compartilham o mundo, a fé, a vida e a razão

São ligados para sempre e jamais os separarão

Mas acima de tudo sabem, realmente, o que são.

Brasília - DF, 24 de julho de 2009