ERABESTIAL
minha canção oferta um minuto a mais
ao cru horizonte da guerra
olho um caminho e olho uma vida
mas nos meus olhos não há cola
colo minha meia por ter acabado a linha
suspiro na estrada por ter me faltado o argumento
um tarzan urbano assalta uma loja de conveniências
acabaram-se as medalhas
continua o jogo
sofro com a minha tosse mas sou obrigado
a pensar no escarro filosófico do mundo
ainda há alma na principal avenida
ainda vive a mão que me esmolou uma esperança
meu cansaço não atravessa a nado o rio da existência
porque seus pés calçaram um reebook sem cardaço
chora ó menina futura caduca de vinte poucos anos
seus olhos nascerão cansados por causa da velocidade do mundo
há pressa no carro do meu vizinho
há pressa na metralhadora do guarda
é preciso guardar o cenário depois do espetáculo
é preciso guardar os artistas antes de apagar as luzes do teatro
micro sentimento comendo um pedaço da minha luz
não há mais velas para iluminar o meu porão
chora ó último dos poetas e sacode a vida de ti:
começará a nascer da sua costela o poeta pronto