COMO SE FOSSE O ÚLTIMO DIA
(Ao poeta e amigo Vivaldo Bernardes)
Sozinho, numa mesa de bar,
Sob os encantos dos raios do luar
Ele acende seu cigarro de palha.
Degustando uma cerveja gelada,
Ele se lembra dos olhos da amada
E no papel alguns versos espalha.
Trêmula, sua mão vai anotando
O que a mente aos poucos vai ditando
Comandada pela voz do coração.
Diz ele que, apesar da velha idade,
Está sentindo voltar-lhe a mocidade
E com ela o fogo ardente da paixão.
É um fogo de intensa chama
Que o consome, mas ele não reclama,
Pois a paixão é o combustível da poesia...
E assim vai vivendo o poeta:
Gozando sua velhice já concreta
Como se fosse aquele o seu último dia.