SUBTERFÚGIOS - SEXTA PARTE
Às vezes sonho com um mundo
Quieto, quase silêncio,
Em que não se confunda
Agir com agitar;
Mas como convencer-me,
Se parece-me que tanta
Vida não é o bastante
E não será nesta existência
Que ainda dormirei em paz
Este sono insaciável?
Reminiscências de meu sonho
De ser um dia adulto,
Sereno e bom.
Sim, amado;
Mas só posso vestir azul e branco,
Vestes nobres de príncipe,
Nunca dourado e escarlate,
Roupas dignas de rei, reais.
Sempre o real
Mais agressivo que o irreal.
Foi bom ter sofrido;
Sofrer o amaro sofrer,
Desde que em te bem querer.
Mas quebrou-se o sonho da infância
De se somente crer amado,
Sem precisar amar.
Outrora sonhar
Era buscar;
Agora dormir
É fugir,
É o ruim melhorando.
Alimento ou lenitivo?
E esse lobo à espreita?
Não creio que a vida
Seja agora importante,
Mas nem mesmo a Deus
Concederia me matasse –
A morte faz-se,
Pois a vida tem um instante
Em que a Morte é!
Sou uma orquídea,
A beleza que brota
Da matéria que se degrada
Em cigarros acesos à janela
E fumos que voam longe
E sentimentos que se intimidam
Aos olhos de gente,
Numa clandestinidade
Apenas supostamente
Cumplicidade.
Às vezes sonho com um mundo
Quieto, quase silêncio,
Em que não se confunda
Agir com agitar;
Mas como convencer-me,
Se parece-me que tanta
Vida não é o bastante
E não será nesta existência
Que ainda dormirei em paz
Este sono insaciável?
Reminiscências de meu sonho
De ser um dia adulto,
Sereno e bom.
Sim, amado;
Mas só posso vestir azul e branco,
Vestes nobres de príncipe,
Nunca dourado e escarlate,
Roupas dignas de rei, reais.
Sempre o real
Mais agressivo que o irreal.
Foi bom ter sofrido;
Sofrer o amaro sofrer,
Desde que em te bem querer.
Mas quebrou-se o sonho da infância
De se somente crer amado,
Sem precisar amar.
Outrora sonhar
Era buscar;
Agora dormir
É fugir,
É o ruim melhorando.
Alimento ou lenitivo?
E esse lobo à espreita?
Não creio que a vida
Seja agora importante,
Mas nem mesmo a Deus
Concederia me matasse –
A morte faz-se,
Pois a vida tem um instante
Em que a Morte é!
Sou uma orquídea,
A beleza que brota
Da matéria que se degrada
Em cigarros acesos à janela
E fumos que voam longe
E sentimentos que se intimidam
Aos olhos de gente,
Numa clandestinidade
Apenas supostamente
Cumplicidade.