NÃO QUERO
A tristeza
Por troca da minha alegria
Preferia um sentimento mútuo
E não ambíguo
Como companhia
Não quero
Lágrimas fúnebres
Que prolonguem a madrugada
Quero um lampejo de esperança
Que me faça ter a certeza
E não a ilusão
Que espero pela pessoa amada
Não quero
Um livro
Como troca da minha dedicação
Basta um sorriso
Para iluminar
Toda a minha imensidão
Não quero
O cepticismo
Como retorno das minhas palavras
A crença para mim é tudo
É a minha religião, é sagrada
Não quero
O silêncio
Como troco
De toda a minha eloquência
Orador de grandes palcos vazios
Novelo emaranhado
Que testa a minha enorme
E infinita paciência…
Não quero
Olhares desabitados
Que pronunciam dias de tempestade
A agitação adoptou-me
Comigo contrariado
Por isso a reneguei
Pois prefiro a paz
Sentimento amado
Que se for necessário
Por ela farei guerra
Merece tudo
E a minha máxima entrega
Por isso não me digas
Que não sabes ao que vens
Quando vens ter comigo
As cartas são sempre as mesmas
Estão em cima da mesa
E por isso não me trates como um inimigo
Na dualidade do que pareço ser
Do que digo
Do que faço
Pois basta ver-me bem
Que toda a ilusão
Não será mais do que um embaraço
Pois por detrás dos jogos de espelhos
Sou aquilo que se vê bem demais
Basta a paciência do tempo
Para depurar a visão e os sentidos
Verás então que sou teu
Sou dos tais
Carregado de mundos
E de imensos ideais
E tanto estou no poço
Como nas alturas
Mas sou perene
A originalidade moldou-me
O pó de estrelas cobriu-me
E deu o toque final
De um ser que ama como respira
Apenas isso
Nada mais…
NÃO QUERO!