MORTO-VIVO

Considero-me um aleijado,

pois a procuro nos meus braços

e não a encontro.

Considero-me um surdo-mudo.

Mudo porque por mais silêncio que faça

eu não ouço de maneira alguma a sua voz.

Sinto-me um deficiente mental

que vive uma vida vegetativa,

uma vez que você e um cérebro

ausente à minha caixa craniana.

Sem você não há estímulos

que os neurônios necessitam para fazer

movimentar o meu cansado corpo.

Sinto as lágrimas fugirem dos meus olhos.

Elas querem destroçá-los.

Torço desesperadamente para que isto aconteça

na esperança de que talvez, na cegueira,

eu consiga subsídios que me deem

condições de amenizar, ou quem sabe

até superar a sua ausência em minha vida.

Nesse estado de calamidade humana

vago pela vida como um morto vivo.

Agora a solidão que me governa

me diz ironicamente, em pleno sarcasmo,

que eu e você nos encontraremos

no fim deste infinito universo.

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 11/08/2009
Código do texto: T1747631