O nascer do dia

O nascer do dia

Aos poucos o dia acorda,

Tudo é novo,

O brilho do Sol, o olhar,

O bater de asas da pomba,

Que me veio saudar,

E em veloz acrobacia, rasga o céu,

E deixa no chão o traçado da sua sombra.

Rendido ao amanhecer,

Todo o corpo é peso,

No passeio não bate o som do teu sapato,

Não há cheiro do teu perfume,

Nem teu dedo a dizer..Vem cá gaiato!

Não reluz no espelho o teu desenho,

Não há beijo,

E a mão vazia é tudo que tenho.

É só um compasso de espera,

Diz-me a mente,

Uma fugaz passagem pelo rodar da esfera,

E perco-me na ilusão,

Do dia que nasceu,

Ou no engano do meu colchão;

Oiço a notícia da manhã,

De mais uma despedida,

Partiu o Rei, e não levou a hipocrisia,

Ficou o mundo farto,

E a multidão de barriga vazia!

Nenúfar 7/8/2009