OS FILHOS DE HIROSHIMA

Ainda contam os seus mortos,

Hiroshima e Nagasaki

Contam aqueles que seriam os filhos,

dos filhos,

dos filhos ...

Contam os mortos que nem nasceram

E lamentam, os risos calados,

os olhares perdidos,

e as dores não sentidas ...

Lamentam, este estranho vazio nas ruas;

e choram,

por aqueles que nem puderam choram,

nem puderam fugir,

e nem souberam morrer ...

Choram,

e contam os seus mortos;

e também choramos,

e contamos,

todos nós;

aqueles que seriam os filhos,

dos filhos,

dos filhos ...

Em 6 de agosto de 1945, pela primeira vez na história, uma

arma nuclear foi utilizada em combate, destruindo a cidade

de Hiroshima

No dia 9 deste mesmo mês, foi a vez de outra cidade japonesa,

Nagasaki

A devastação em ambas as cidades foi tão grande, que até hoje,

não se sabe ao certo o número total de mortos. E milhares de

sobreviventes foram permanentemente afetados pelos terríveis

efeitos da radiação. Muitos, morreram anos mais tarde, vítimas

de doenças causadas por esta exposição radioativa

O fato, é que este triste episódio, ceifou a vida de pessoas

inocentes; homens, mulheres e crianças; que levavam uma vida

absolutamente normal; em seus trabalhos, lares, escolas;

E Hiroshima e Nagasaki, bem poderiam ser, as cidades em que

vivemos com os nossos filhos, irmãos e amigos

E quando tomamos consciência desta proximidade de realidades,

percebemos então, o quanto, de certa forma, fomos também

atingidos por estas bombas. Poderíamos ter sido as vítimas

diretas destes ataques; só não fomos, por conta das circunstâncias,

apenas isso, e nada mais ...

E é importante lembrar, que a morte de todo e qualquer indivíduo,

é também a morte de toda a sua descendência; Como digo neste

poema: "a morte dos filhos / dos filhos / dos filhos" ...

E sendo assim, continuaremos para sempre, contando os mortos de

Hiroshima e Nagasaki ...

Marcelo Roque
Enviado por Marcelo Roque em 09/08/2009
Reeditado em 28/08/2011
Código do texto: T1745060