Case comigo, Núbia Poison!

Do globo da morte

A contemplo

Ela vai à faculdade

Gosta de flores

Ora no templo

Ouve músicas,

Ama “The Cramps”

Enquanto os palhaços

Jogam cartas

O trailer treme, antes

Quando bato

Surge a fera

Me ataca!

Vejo o mal, mutação

Bala de prata?

És meu patrão!

"Apenas solitário"

Um palhaço me relata

Consternação

Núbia, em meio à narcisos

São suas preferidas

Pelo olho de vidro

Morrerias do coração

Mrs. Faith tinha-me mostrado

Nesse ínterim, absorto em meu acordeão

E, pelo esforço, a resposta

Veio a constatação

Nunca me casarei com você

As alianças...

Devolvo-lhe

Pois não

Doze doses tive que tomar

Para bonita

Poder lhe achar

Admita

Esse excesso de vermute

Foi fatal, falta-me saúde

Mas hoje, depois de ontem

Tenho muita sede

Não consigo contar direito

Minhas histórias

Saio pela tangente,

Esqueço as glórias

A convocação chegou

Foram dois anos de disciplina

Longe dela, me esfacelei

Ao Haiti eu fui, oh minha menina

Tornei-me pára-quedista

Saltar do firmamento virou rotina

Naquela tarde

Peguei três trens para provar-te

Trouxe-lhe a notícia

Escrevi teu nome no céu

Seu nome é Núbia Poison

Te levo ao altar, abro teu véu

Fui criado num pequeno lago

E agora, estamos no oceano

Poseidon, deus dos mares

Me afoga e não percebo

Eu tenho um só plano

Preciso de emprego

Trabalho de graça,

Pode acreditar

Todo mês, fim do ciclo

Te sussurro um detalhe

É minha proposta, suplico

E sobre ela justifico

Sou domador, homem bala

Limpo a ala dos elefantes

Mas, no encontro, sou galante

Lançador de facas,

Preciso

Levo flores, seus narcisos

Aí, não sei como

O tempo acelera e pára

Tudo se dispersa

Comunico aos amigos

Não há inércia

Minha vontade, obsessão

Qual é seu problema, garoto?

Me fazem a indagação

E assim,

A contar recomecei

Acabei de conhecer

A mulher com quem me casarei

Não faço idéia de quem tu és?

Sou um contador de histórias

Mentiras?

Romances?

Contos?

Devo acreditar em seus encantos?

Também sou músico

Faço canções e as canto

O artista é surreal

Não possui matéria

Só sedução

Você é a única que não compreende meu coração

Por ti, pelas suas negações

Sou um retrato mal acabado

De mim mesmo

De quem é o problema?

Barco à deriva, abalado

Vou a esmo, grand’ ilema

Limparei tua piscina

Veja e constate

Arrumarei teu jardim

Nada é invenção

Serás minha mulher

Quero-te agora, confirme a ação!

Qual o problema dos icebergs?

Os noventa por cento abaixo?

Ou os dez por cento acima?

Una-se a mim, já!

Montemos uma banda

A vida nos ensinará

Dos acordes necessários

Fiz uma canção de saudade

Som de reencontro...

De minha guerra

Para a cidade

É breve, mas com intensidade:

“Em meio aos lençóis

Eu voltei

Estendidos no varal

Lhe beijei”

Quer me mostrar

Que livros está lendo?

Há uma segunda vida?

Uma personagem, outra família?

Um filho bastardo

Fora do casamento?

Indago, interrogo

Lamento

Passava muito tempo

Fora de casa

Mesmo assim, prefiro acreditar

Em você, e não em mim

Não é verdade!

Qual a autenticidade?

Os carros do comercial, calamidade?

Moscas presas no pára-brisas?

As siamesas asiáticas?

Geram desconfiança...

Exotismo que altera minha esperança

Meu Deus, como fui criança

Abelhas na colméia

Voam e deslizam

Apague a luz

Sairemos vencedores

Vamos pelo amor

Que conduz as nossas dores

*Núbia Poison, integrante virtual e roadie dos Retinas Queimadas é jornalista das publicações Retinas News e companheira do poeta.

*Texto adaptado do filme: "Big Fish" (2003), direção: Tim Burton.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 09/08/2009
Reeditado em 25/01/2011
Código do texto: T1744594
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