Á Flor mais bela

Irmã, ouvi tua voz, sinto até mesmo tua mágoa

Essa é tal a que também amargo em minh’alma

Por viver uma busca sem nada jamais alcançar

Não sofro tua mesma dor, pois essa é sem par

Mas ouço tua voz, é ela que sempre me acalma

Quisera nascer em tempos idos, nos da tua glória

Mas com o que tu nos deixastes, teu eterno legado

Posso mesmo ouvir-te e compreender a tua história

Que para sempre retumba, como em meu peito trago

Quisera poder compreender-te e ter vivido ao teu lado

Como o amigo que o foi, por ti intensamente desejado

Para percorrer a tua trajetória, o irmão por ti amado

Com imenso prazer sentiria as mágoas bem-vindas

A voz, doce, gentil, divina, ouviria e teria louvado

Como se louva ao mar, com suas ondas infindas

Não fostes como pedra rude, pois pensastes demasiado

Esse foi, quem sabe o motivo desse teu triste desalento

O fruto dos teus ais trouxe-nos a poesia do amargurado

Pois assim é que cultivastes a semente desse teu talento

Mesmo o mar imponente, altivo, a ti jamais será igualado

Não és maré que se levanta, és tempestade sacrossanta

És a poetisa que ousou contar suas dores e seus amores

És muito mais que essa pedra que não pensa, és imensa

Essa luz que ilumina a poesia, és tu que a ela nos conduz

Brasília – DF, 10 de julho de 2009.

(Com a colaboração de Nadja Cezar).