ESPÍRITO DE HOJE

Deixa-me tentar entender o que você quer dizer.

Quero achar o que não tem em suas palavras...

Qualquer palavra, vamos lá, me diga!

Me diga que está só e que me quer.

Ou que tudo que agora vem é passageiro...

E que lisonjeiros meus braços a receberão, no final!

Me faça lhe prometer qualquer coisas...

Mas não me deixe cair em puro romance.

Não nos deixe – eu não vou deixar! – ser

páginas cujo sentido é estar no livro...

Não quero que conservemos rosas,

mas que floresçamos a cada palavra!

Deixa-me fingir não entender o que você disse...

Me é tão triste pensar no fim!

Quanto sou importante pra mim quis ser-lhe

e minha falha não pode significar trovão!

Eu que nessas horas estaria lhe tirando o medo,

agora escondo que estou escondido e frágil.

Ágil, assim, todo recolhidinho...

Dá-me, num cantinho, vau da tua luz!

que lhe puxo à minha teia como correnteza

daquelas que me levam às profundezas

daquilo que sob tuas vestes ontem pus!

e hoje, menina, que diz do que penso, hein?