POEMA QUE NÃO MERECE TÍTULO

menino

recolha suas chagas e aviste por cima dos olhos

uma luz que se anuncia um muro de palavras fechadas

calção ainda infante sabe-se refúgio

e encolhe-se da possibilidade do afago

minto quando desejo e ainda não descobri a fórmula

de se sonhar escondido das frias necessidades humanas

nasci ontem

menino número elemento que acrescenta

e hoje é tempo de deitar fora

vassouras construídas à toda velocidade

há agora a ultrapressa cega locomotiva menor

que uma mão em posição de adeus ou último tapa

sirva a taça com molho de cólera

menino entrega logo seu recado e finja-se morto

canhão de luz que concede um último desejo:

ser só uma interrogação em meio às palavras

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 06/08/2009
Reeditado em 20/08/2013
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