AGOSTO
É madrugada ainda...
A noite, parece
não querer terminar!
Contudo, o despertador toca,
o galo canta, o carro
passa em disparada!
E tudo a um só tempo
fazendo a gente acordar...
Lá fora, a natureza
gélida de frio, chora!
Mas, sei que em breve
o céu, nevoento e escuro,
vai deixar o Sol chegar
de mansinho...
Com seus raios, coloridos,
qual agulhas afiadas,
romperá a densa névoa
pra despertar a aurora.
De repente,
como se houvesse no ar
coisas a acontecer,
vem chegando sons,
não de flauta ou de flautim,
mas, de engenho moendo cana;
e de vibrantes assobios,
açoitando as folhas no jardim...
Sinfonias de palmeiras bailando,
na dança ritmada do vento
frio, constante, sem fim!
Ouço o estalar dolorido
dos galhos da mangueira,
a espalhar flores e o pendão.
E com força exagerada,
quedarem-se, ao chão!
Ouço, ainda, o som ruidoso
do vento: “Uah!...”
Que parece dizer: “Vim...Vim...”
E a natureza, responder-lhe.
Nesta hora,
o impiedoso vento,
faz seus redemoinhos, e caracóis.
Levanta tudo, o que encontra,
em seu lufar:
Tira a poeira do chão,
revira as folhas das hortas.
Ao som da valsa triste, de J.Kosma
dá asas ‘as “Folhas Mortas”,
que dos galhos, as fez despencar!
Faz chorar, a desventurada rosa,
que nascera hoje,
espalhando suas pétalas pelo ar!
Junto àquele uivado,
ouço o cantar do passarinho,
que ficou sem abrigo e sem ninho...
No gorjeio, a comoção
pelos filhotes da Primavera,
que jamais, nascerão...
Os cães ladram nos quintais,
tal qual uma trilha sonora!
Que do vento, se escondem de medo...
E do outro cão-danado de raiva!...
E assim, este vento frio,
às vezes quente,
Em meio ao inverno intenso
Que a natureza, desarrumou,
Veio só pra anunciar
Que AGOSTO... chegou!...
Iraí Verdan
Magé, 04 de julho de 2006.
(Poesia para participação no Concurso Talentos da Maturidade –2007, do Banco Real S/A)