Do barra ao asfalto
Esse é meu sangue,
Que suja sua terra,
Sangue negro,
Que cria o barro vermelho.
Agora, hoje ou nunca.
Tudo é sempre.
Entender e porque do nada.
Peso pesado ou medida errada
Na mão com faca ou facão
Corta cria calo
Chora sozinho.
Em casa de barro
Criança de pe no chão
E barriga grande
Espera o pai
Pra comer e beber espinho.
Aqui também estou
Seco simples
Molhado de suor
Trabalho veneso,
Transpõem a alma
Incorporada.
Aqui esta o suor do mato
Do trabalho de foice
Encorpado de tristeza.
Agora é calor
Agora esta
Está sim, a vida.
Toca o corvo
Toca
Vivo, o bicho morre seco.
Olha um menino correndo
Já sem forças
Olha o menino
Na tentativa desatina
De uma vida desenrolada
Nascido sem traços,
No caminho distante
Sem luzes e mãe
Estrada de pé
De rua armada
Debulhada aos tantos
Menino de roupa amarrotada
Armado de gírias e trejeitos
Armado.
Criança,
Que viu total matança
Mundo utópico,
Surreal.
Sedento de ódio.
Menino vazio,
Na conversa se mostra
Alegre.
Menino pirado
Tempestade ou trova
Velho e novo
Sobe o outeiro
Morte e vida
Põem-se em risco.
Desprende-se do visgo.
Analisa filma
Transforma em documentário
Pra ficar melhor de ver
Deforma o feio e o torna
Lindo.
Ao ver,
Menor sorridente
Que mostra os dentes
De raiva,
Na tela sorriso vira.
Anima o outro
Revolta alguns
Na tela sorriso vira.
Vira sorriso.