Sentença de morte

Era sentença de morte e você me absolveu.

Chorei. Chorei feito um menino.

Porque seu perdão foi a maior dor que pude sentir.

Há caminhos mais dolorosos que a morte.

Há silêncio mais assustador que palavras.

Há amor mais perturbador que a vingança.

Sou fraco demais para levantar a cabeça.

Covarde demais para olhar em seus olhos.

Sua justiça me bastaria para aquietar o coração.

Sua justiça me quebrantaria e me jogaria na solidão.

Então meu mundo não teria sol e eu nem reclamaria.

Saberia de alguma forma, guerrear com um, dois

Ou tantos que há em mim.

E voltaria de cada batalha diária faltando um pedaço.

E lentamente, deixaria de existir para insistir numa nova chance.

Mas você me confundiu, me envergonhou, me despiu

Quando me amou com minhas culpas e misérias.

Me amou quando trocou o mal que lhe causei pelo bem maior.

Me amou quando não ficou para colher minhas gotas de sangue.

Me amou quando compreendeu que a dor maior...

Pertence ao agressor, e não, ao agredido.

Porque há leis divinas que recompensam os que choram sem porquês.

Sou pequeno demais perto de você, incapaz de entender seu coração.

Sou pobre demais para me aproximar de seu palácio chamado Alma

E deficiente para seguir teus passos no caminho de flores.

Na minha turva visão, posso ver que há um anjo que mora em você.

Seu perdão, à princípio, muito me atordoou

Mas sua paz agora me envolve pouco à pouco

E me absolve de mim mesmo.

Já posso dizer “obrigado”. Já posso dormir sossegado.

E amanhã, mesmo que o sol não me alcance, assim como seus olhos...

Continuarei sentindo seu calor, sua paz e seu amor.

E quando menos esperar, nascerá uma bela canção.

Uma canção do mais profundo do meu coração.

Léia Carmona Torres
Enviado por Léia Carmona Torres em 06/08/2009
Reeditado em 29/08/2009
Código do texto: T1739068