Cuns Cus Critus Miratus Pitus
(Ao meu melhor amigo)
Fecho meus olhos, forte, forte,
Aperto assim como que para ver melhor!
Repentinamente meu coração se abre,
E como um pássaro liberto das grades,
Voa longe o meu pensamento,
Voa, levando nas asas a sua imagem.
Vejo suas mãos bonitas descascando cana para eu chupar,
Cortando pedacinhos tão caprichosamente iguais,
Tirando os nós e rodando com habilidade o canivete nas mãos.
Vejo suas mãos envolvendo a direção do carro,
Passando os polegares sobre a pontinha dos indicadores,
Sempre da mesma forma...
Perco-me no verde amarelado dos seus olhos,
Olhando longe... Cheirando o vento,
Invariavelmente começando a frase assim:
_ Sabe Paulinha...
E então me olhava no fundo dos olhos,
Para me ensinar alguma coisa,
Que eu nem percebia o quanto estava aprendendo...
Ah... Eu ouço sua voz contando causos,
A proteção cheia de desculpas implausíveis,
Só para que eu não me sentisse diminuída...
A alegria no rosto dele,
Quando tocava seu violão imaginário...
Crim crim, crim...crim crim... crim...
Ou dizia em tom solene:
Cuns cus critus, miratus pitus,
Frase que ele inventou,
Quando não cabia palavra alguma para ser dita.
Meu pai era assim: é assim!
Habita dentro de mim, escondidinho,
E só eu sei que ele não se foi não,
Ficou vivo e aparenta a minha idade hoje.
_ Sabe pai...
Só não se esconde tanto, tanto...
Que eu não consiga te dar um beijo de Dia dos Pais!
Óleo sobre tela
Paula Baggio
55x45
(Ao meu melhor amigo)
Fecho meus olhos, forte, forte,
Aperto assim como que para ver melhor!
Repentinamente meu coração se abre,
E como um pássaro liberto das grades,
Voa longe o meu pensamento,
Voa, levando nas asas a sua imagem.
Vejo suas mãos bonitas descascando cana para eu chupar,
Cortando pedacinhos tão caprichosamente iguais,
Tirando os nós e rodando com habilidade o canivete nas mãos.
Vejo suas mãos envolvendo a direção do carro,
Passando os polegares sobre a pontinha dos indicadores,
Sempre da mesma forma...
Perco-me no verde amarelado dos seus olhos,
Olhando longe... Cheirando o vento,
Invariavelmente começando a frase assim:
_ Sabe Paulinha...
E então me olhava no fundo dos olhos,
Para me ensinar alguma coisa,
Que eu nem percebia o quanto estava aprendendo...
Ah... Eu ouço sua voz contando causos,
A proteção cheia de desculpas implausíveis,
Só para que eu não me sentisse diminuída...
A alegria no rosto dele,
Quando tocava seu violão imaginário...
Crim crim, crim...crim crim... crim...
Ou dizia em tom solene:
Cuns cus critus, miratus pitus,
Frase que ele inventou,
Quando não cabia palavra alguma para ser dita.
Meu pai era assim: é assim!
Habita dentro de mim, escondidinho,
E só eu sei que ele não se foi não,
Ficou vivo e aparenta a minha idade hoje.
_ Sabe pai...
Só não se esconde tanto, tanto...
Que eu não consiga te dar um beijo de Dia dos Pais!
Óleo sobre tela
Paula Baggio
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