A PAIXÃO E A PUTA-QUE-PARIU

Todas as vezes

em que me apaixonei, me fodi.

Eis a maior prova de que

a paixão é algo terrível.

Todas essas vezes

são lembradas quando fico triste.

E, quase sempre, é a última delas

que me fez entristecer.

Nós temos a necessidade

de nos apaixonar por algo.

De, portanto, manter-nos ligados

idealizando algo.

É como uma droga platônica...

O “absolutamente bom” cultivado...

Toda fruta podre vem

da pureza falsa da raiz!

E a pureza não é falsa porque poluída...

Mas porque não existe

nem puro nem o poluído.

Existem coisas, apenas.

Todas as vezes

em que me apaixonei, me fodi.

E só me apaixonei novamente,

porque a paixão se maquia.

Vírus em mutação!

Imunidade não funciona mais...

e toda surra que levamos antes:

inútil para que não apanhemos mais!

Se você deseja sorrir vivo

e sabe quanto é curto nosso pavio

digo com sinceridade, meu amigo:

mande a paixão à puta-que-pariu!