A vaca dos caçadores*
O dia, com suas luzes,
as luzes que passam por nós,
um olhar cintilante e negro,
no caminho...
Saber o que ela quer dizer,
quando vira para nós,
acompanha, fiscaliza nosso entorno,
vivendo como gente, na cabeça de um animal.
Sua cor parda, seu olhar lânguido,
sei do seu querer, seu rabo balança,
não sei se é fúria, ou as moscas que ali pousam,
um quadrúpede à nos olhar, no seguimento dos caçadores.
A vaca amarrada,
mordaça, presa ao tronco por uma corda,
dia de trégua, para nós, mas se ela se soltar,
com certeza, vamos deitar no chão, e pedir?
Por favor, não faça nada com nós,
gosto de você, amo-a, sei que estáis sedenta,
e a vaca a nós olhar, de longe é bem melhor,
e eu fui sumindo ao seu olhar.
E, nós ficamos à pensar,
uma vaca que pensa,
nós como animais de rua,
a vaca como animal de casa, e ai?
Digo! A gente ainda não sabe quem é quem,
a gente está tão longe dos animais,
que não conseguimos decifrar,
o olhar da vaca, penso que
é amor: um grande amor por nós.
CAÇADORES* = BAIRRO DA CIDADE DE BLUMENAU / SC