Tenho um coração valente e uma alma covarde
Escrevo palavras que nunca soube dizer.
Escrevo aquilo que sempre tentei esconder.
Tenho um coração valente,
impulsivo, de sangue quente.
Mas tenho uma alma covarde,
que se esconde em si mesma,
chorando, sem alarde.
É por isso que escrevo.
Escrevo o silêncio que eu mesmo me imponho,
escrevo esse jeito medroso, enfadonho.
E é escrevendo que me busco,
me acho, me ofusco,
transbordo a alma e o peito, esquecendo a razão.
E esse tremor que trago nas mãos
é o reflexo de tudo que deixei de viver,
de tudo o que não consegui ser,
que tentei esquecer.
São palavras caladas quando o peito gritava,
escondidas em falsa alegria,
fingindo sorrir, por pura mania,
pois me revelar era o que mais me assustava.
Então esparramo tudo o que eu não falo,
e as linhas escritas me gritam
cada palavra que calo.
Tanta coisa não disse quando poderia dizer.