A uma que passa

Uma silhueta de mulher passa por mim

E num trecho de tempo me sinto atraído pelo que vejo

Sinto desejo por teu corpo e sua boca... Lasciva...

(Pelo menos a vejo assim!)

Mas isso do que me adianta? Disso ela nunca saberá

Nunca saberá de minha existência

Ou de meu desejo por ela!

... Dela também nunca saberei...

De teu corpo por baixo dos panos

De sua voz ou de seus medos e vontades

Talvez, sei lá, ao indagarem-na um dia com um retrato meu em mãos

Por um motivo que nem sei qual seria, sobre quem sou

Seu inconsciente num instante de memória lembre-lhe

A imagem de meu rosto tão secdamente olhado

Mas O quem eu sou ou mesmo O onde eu vivo

Ela nunca saberá!

Jamais irá saber de minha vontade em tê-la

Ou dos sólidos e rápidos planos feitos para o nosso futuro

Céus! Quantas faces e quantos corpos eu vi e me viram

Mas que não sei e nem nunca saberão!

Será que assim como aquela mulher que desejei

Também em alguma esquina ou quadra fui desejado por alguém?

(Ah!) Mas é bem melhor que tudo fique assim

Quantas mágoas e quantas mortes haveria se nosso pensar fosse público?!

Pelo menos no particular eu invento

E mesmo que apenas por um breve momento

Agarro minha musa e finjo ser ao mesmo instante

Servo e imperador entre todos os homens desse nosso tempo.