DEMOCRACIA
Tremores de terra
Ondas gigantes
Larvas ardentes
Descendo a serra
Queimando os montes
Torrando agente
Cinzas suspensas
Poeira e lama
Molhada no fogo
Do homem que pensa
Ser dono do jogo
Herdeiro da fama
Político que mente
Não cai nem balança
Crente que clama,
Fiel da matança
E o homem decente
Vivendo este drama
Homem ou veado
Virgem ou dama
Menina menino
Seco ou molhado
Sorte ou destino
Em cima da cama.
Bucho de fome,
Sono sem noite
Barriga vazia
Cólica, açoite,
Anjo sem nome
Levado a bacia.
Céu estrelado,
Brisa, ventania,
Abismo sem fundo,
Verdura no prado,
Senhora do mundo,
Cachorra vadia.
Jumento sem dono
Beira de estrada
Gostoso abandono
Numa vaca parida
Fim de jornada
Início da vida.
Querida gostosa
Liberta seria
Sem dengo sem prosa
No comando do dia
Da esponja porosa
Onde o todo vivia.
As vezes dormindo
As vezes acordado
As vezes sorrindo
Outras tantas magoado
Mansamente assistindo
O mesmo passado.
Fé