Víbora

Consenti ao amor de um homem

Assim:

Na minha infância eu o adorei;

Na minha adolescência o desejei

Agora mulher

Permiti-me a pertencê-lo

Entreguei-me inconfundivelmente...

Sem receio ao pudor.

Não demorou muito tempo.

A primeira lágrima,

Percorreu ardorosamente minh’alma...

Pude compreender a espantosa revelação.

Como víbora mordeu veementemente

O extremo do meu coração

Envenenando a minh’alma imatura,

Transferindo-a para o nada...

E a mim numa mulher imunda.

Não se regozije

A tal êxito,

Sou mulher

E me renasço das cinzas

Se caso for,

Pois teu amor

É arvore que secou

Até as raízes...

Agora neste solo tua semente

É estéril... não mais me germina.