Parnaso, Tebas e Poeta

Evocaria as Musas do Parnaso

se minha alma não tivesse esse estrago.

Se minha roupa, não tivesse esse rasgo

e se eu resistisse ao primeiro trago.

Que foi feito da Tebas de Sete Portas?

Disseram-me que só restou cinzas retortas,

e, de novo, me brota essa angústia estranha

que me sufoca e arranha.

Seria bom sentir na ponta do dedo

esse nostalgico sambra enredo.

Ou qualquer outro segredo.

Mas venha, colocarei uma música te agrade

e um fim alaranjado de Sol em fim de tarde.

Seria bom que o desastre de rotina

não me esperasse em cada esquina.

Que tu soubesses o quanto me fascina,

e que comigo seguisse

em busca de Matisse.

E que crente eu me tornasse,

e que um Anjo me anunciasse:

Homem! Eis tua mulher. Faça-a feliz.

Dê-lhe ouro, jóias e sobrepeliz;

e a ame como mestre, não como aprendiz.

Porém, eu temo que me chamem de Poeta Maldito,

de verso manco e mau escrito.

De sério candidato a ser proscrito

desse Mundo mais e mais restrito.

Resta-me o medo de tal rito

e o tolo

consolo

de repetir o mesmo grito:

Lilian, é por você que existo.

Para Lilian